Falando um pouco da sua carreira, como você começou no voleibol ? Quem foi seu maior incentivador no esporte ?
Eu comecei com 11 anos de idade, entre 1992 e 1993, quando o Brasil foi campeão das Olimpíadas de Barcelona e da Liga Mundial com o Giovane, um jogador que eu gostava muito. Na época eu lutava karate, e acompanhava vôlei pela televisão. Foram essas conquistas que me incentivaram a mudar de esporte e procurar um clube para jogar. Comecei lá no Voleibol do Tijuca, e fui passando de categoria. Quando cheguei no infanto, vi que dava para eu levar o esporte como profissão, já não era só uma brincadeira, dava para eu levar o negócio a sério. Foi quando houve a minha entrada para o juvenil e a transição para o adulto. Estou aqui até hoje.
Quando você começou a jogar nem existia a posição de libero. Em que posição você iniciou, e como foi essa mudança de posição ?
Eu comecei a jogar de atacante. Atacante de ponta. A posição de libero me ajudou muito. Como atacante eu não conseguiria chegar aonde estou, até por causa da minha altura e da minha impulsão que não são lá grandes coisas, em vista aos atacantes de mais de dois metros que saltam. Foi bom também porque surgiu no ano de 1999, quando eu estava completando 18 anos e fazendo a transição do juvenil para o adulto. Nessa época eu já tinha uma grande recepção, precisava melhorar mais minha defesa. Foi quando me falaram que eu poderia mudar de posição e deixar de ser só mais um que completaria um time para ser um jogador que teria um certo destaque e uma importância maior, e quem sabe chegar um dia na seleção, mas sempre na base do meu suor e da minha dedicação.
Você jogou três temporadas pelo time da Cimed, ganhando um destaque na Superliga e realizando o seu maior sonho de chegar na seleção. Conta um pouco das experiências e dos aprendizados que você teve lá em Florianópolis.
Com certeza a Cimed deu uma alavancada na minha carreira com três títulos. Era um grupo fechado que procurava um objetivo. Não é a toa que, na época, foram cinco ou seis jogadores convocados para a seleção brasileira. Acho que ser vitorioso foi o que nos levou para a seleção, o resultado é muito importante para isso. Foi um trabalho magnífico e aquele grupo se encaixou muito bem para chegar nos nossos objetivos.
Outros atletas que tiveram passagem por Florianópolis, também ressaltaram a união do grupo para se ter um time vitorioso. Você consegue ver isso no Vôlei Futuro, time que você joga atualmente ?
Sim. A estrutura aqui é a melhor que se tem no mundo. Claro que é uma equipe que se formou a pouco tempo, mas já conseguimos nosso objetivo inicial que era ganhar o Campeonato Paulista. Acho que estamos conseguindo aos poucos caminhar. É legal mostrar que primeiro arrumaram uma estrutura, e depois vieram os grandes jogadores. É assim que tem que ser. Tudo isso aqui que foi montado, ultrapassa qualquer vantagem de se jogar em uma cidade grande. Sem dúvida, não tem um time que tenha uma estrutura como essa.
Você teve um ano vitorioso pela seleção brasileira, ganhando a liga, campeonato mundial e sendo eleito melhor libero do mundo. Você entrou na seleção com a difícil missão de substituir o Escadinha que se machucou. O que se pode esperar daqui pra frente ? Você bate de frente com ele para assumir a vaga de titular ?
Não, o Serginho é um libero excepcional. A vaga é dele , e eu o vejo como um ídolo e um grande amigo. Rezo para que ele volte logo, tenho certeza que o Brasil tem muito a ganhar. Vou procurar treinar e aprender muito com ele, e quando o time necessitar de mim, eu quero corresponder como correspondi nesse último ano. Tanto eu, como o Alan, sabemos do respeito e da confiança que o Bernardinho deposita nele, e vamos, sem dúvida, aproveitar para aprender muito com ele.
E o problema que você teve com a medalha e a placa que roubaram ? Elas estão bem guardadas ?
Agora elas estão lá em casa. Houve um furto, cheguei no aeroporto, fui jantar e roubaram meu carro com as coisas dentro. Mas recebi o apoio do Ari Graça e o pessoal da Federação Internacional se sensibilizou me presenteando com uma nova medalha e uma nova placa. Agora elas estão bem guardadas.
Você que faz parte desse novo grupo da seleção brasileira e tem o Ricardinho como companheiro aqui no Vôlei Futuro, consegue ver uma reaproximação dele com a seleção ? Como você o vê em relação ao grupo ?
O Ricardinho é uma pessoa sensacional. Não sei o que aconteceu no passado, mas posso dizer que hoje, aqui no Vôlei Futuro, ele é um cara que só acrescenta ao grupo. Cheguei aqui até desconfiado, mas me surpreendi muito positivamente. Ele é um cara de um coração enorme que conversa e ajuda todo mundo aqui. Claro que eu respondo pelo Vôlei Futuro, para a seleção brasileira eu não posso falar nada, o técnico é o Bernardo e ele sabe o que faz.
Quem são seus grandes amigos aqui no esporte ?
Cara, são poucos. Ter amigos no esporte é um pouco complicado. Porque um dia eles estão do seu lado, no outro eles tão do outro lado da rede querendo te ferrar. É uma coisa normal, acho que nós vamos descobrir quem são realmente ,de fato, nossos amigos quando pararmos de jogar. No meio profissional, temos colegas de trabalho. Não sabemos dizer do que são capazes para subir e pegar o seu lugar.
Tem algum jogo inesquecível na sua carreira ?
Acho que um jogo pela seleção, na semifinal da Liga Mundial contra Cuba. Ganhamos de 3 a 1, e foi um momento marcante em que eu joguei muito bem, fazendo grandes defesas e recuperando bolas na arquibancada.
Nessa Superliga aconteceu também uma coisa atípica na sua carreira que foi a discussão com a arbitragem no jogo contra o Sogipa. O que de fato aconteceu naquele dia ? Porque houve a discussão com a arbitragem ?
O que ocorreu foi que realmente a arbitragem estava errando e o nosso time sendo prejudicado, mas nós só observamos. Em nenhum momento nós xingamos a arbitragem. Quem me conhece sabe que eu nunca humilharia ninguém, principalmente um senhor que está ali trabalhando como eu, que é um profissional e está lá exercendo o seu trabalho. Acho que o que realmente pecou lá, foi que a torcida estava pressionando e os árbitros acabaram se intimidando. A única coisa que eu peço é que o pessoal olhe meu retrospecto antes de me julgar. Eu não sou um jogador de levar cartão amarelo, essa suspensão foi a minha primeira em dez anos de Superliga. São pessoas que colocam isso na mídia querendo manchar a minha carreira, mas eu vou continuar o meu trabalho e a vida segue, meus companheiros sabem que eu não falei isso, o Chico, que trabalhou dois meses aqui com a gente e faz parte da comissão técnica da seleção, sabe que eu não falei nada, porque ele estava ali presente. Então escutem a minha versão antes de me julgar.
Então você não acha justa a punição ?
Não acho justa, ainda mais porque só ouviram a versão dos árbitros, não me escutaram em nenhum momento. Não pude nem me defender. A imprensa viu no tribunal e começou a soltar várias coisas sobre mim. Infelizmente polêmica vende mais do que conquistas.
Você fica temeroso com essa situação ou você acha que mostrando apenas o seu voleibol você responde a tudo isso ?
Ficar temeroso eu fico. Com essas pessoas querendo me prejudicar eu não sei como eu fico. Mas eu vou continuar mostrando meu voleibol, e o Bernardinho me conhece e sabe quem realmente eu sou. Trabalho com ele há dois anos, e ele sabe que eu não desrespeitaria ninguém. Vou continuar trabalhando para continuar sendo convocado.
Você já conversou com ele sobre o assunto ?
Não. Mandei um email falando o que aconteceu pra ele, me desculpando com ele e com todos os meus companheiros. Eu não falei nada de sou seleção, porque ninguém é da seleção. É uma coisa de momento, um ano você ta ali e no outro não está mais.
Site de Divulgação: Planeta Vôlei!
Site de Divulgação: Planeta Vôlei!
2 comentários:
Muito bacana a entrevista!
entrevista muito boa!!
triste acontecimento na vida do mário, mas com certeza ele vai calar a boca de muita gente q falou mal dele por causa desse incidente!!
Postar um comentário